quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Brilho da Lágrima Parte 10 – Samuel Rocha

Parte 9

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Há momentos em que os olhos se fecham,
cessando assim a visão ideal do mundo. As
cores tornam-se sombrias como uma
escuridão irreparável. Quando o olhar se
tenta refugiar de uma realidade mais do que
verdadeira, a fuga torna-se momentânea.
Agosto chegara ao fim. O paradeiro de
Susana estava agora a cargo da Polícia
Judiciária. Cíntia «morrera» por dentro, assim
que o seu coração foi alvo da mensagem que
a fez desmaiar.


Os dias que se seguiram foram dias de
angústia e de terror. A raiva preenchia uma
casa desabitada, sem alma e sem coração. A
Quinta da Pedra, aliada ao deserto da voz de
Cíntia, perdera todo o seu significado.
Entretanto, Salvador tomou a decisão de
falar directamente com Susana. Para ele, nada
justificava o silêncio completo. Depois de
bem verificar que o pai não sabia onde se
encontravam ele, o irmão e a mãe, esperou
que o sábado chegasse para se dirigir bem
cedo a casa de Susana.
-Bom dia, Cíntia.
-Entra.
-O que se passa? Por que está nesse
estado?
-Senta-te. Aconteceu algo à minha filha.
Eu não sei se ela está viva ou morta nem onde
se encontra. Eu não sei nada e estou nesta
opressão há dias.
-O que aconteceu à Susana? Conte-me
tudo o que sabe.
-Recebi um bilhete no qual estava escrito
que ela tinha morrido! Não pode ser possível,
Salvador!
As lágrimas voltavam a brilhar sobre a
face de Cíntia.
-Ela morreu? Como? Quando? Não... não é
verdade. – dizia, enquanto se levantava e
começava a andar de um lado para o outro.
Entretanto, a campainha tocava
novamente naquela manhã. Era Natacha. De
olhos bem arregalados, ia olhando para o
jornal que segurava. Rapidamente se apressou
a entrar.
-Cíntia, o que se passa? Porque é que a
Susana está aqui num anúncio pornográfico?
Diga-me... o que é que se passou?
Sentada, Cíntia apenas direccionou o olhar
para Natacha e, lentamente, fechou os olhos
como forma de perplexidade, uma
perplexidade que já não podia ser
demonstrada de forma exuberante.
Tudo tinha mudado: não só Susana não
tinha aparentemente morrido, como estava
num caminho que não era o seu.
-Dá-me o jornal. – pediu Salvador.
Uma lágrima atingiu a pequena e singela
foto de Susana.
-Meninos, temos de ligar para a polícia.
Isto não pode continuar assim. A minha filha
vai ser encontrada, custe o que custar.
-Não! Eu próprio vou encontrá-la.
Salvador sabia que iria ser difícil encontrar
Susana e proteger a sua família, tudo ao
mesmo tempo. No entanto, a mesma
determinação de sempre deu-lhe ainda mais
força.

continua…

 

Leia ou Releia

Parte 1 e Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

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